sexta-feira, junho 06, 2008

insegura

Insegurança, é essa a palavra. Estou insegura. Não, não com relação às minhas responsabilidades, aos meus deveres, às minhas obrigações. Não, não no que diz respeito à minha vida, às minhas decisões. Não. Simplesmente estou insegura. Insegura comigo. Hoje me permito ser sincera e hoje confesso: se me encontrasse comigo, não sei se me daria a mão.
Entenda como entendo e me veja como me vejo. Não sou o tipo de pessoa certa, não, não, não sou o tipo de alma fincada ao chão, forte, sólida, capaz de tomar as melhores decisões, capaz de indicar os caminhos certos. Não, não. Não sou assim. Sou solta, vôo fácil, me perco sem sair do lugar, tenho medo de trilhar os passos errados, tenho medo de seguir, tenho medo de hesitar.
Não, não pense que esse envoltório fútil, que essa expressão de segurança, que esse sorriso convincente, não, não pense que tudo isso é verdade. Não me tome como alguém de passos firmes, não me coloque na lista daqueles que você recorre atrás dos melhores conselhos. Não.
Sou fraca, sou covarde, sou insegura. Preciso de atenção, preciso de cuidados, preciso que me amem e que me falem palavras bonitas. Não me basto, não me completo, não me gosto sozinha. Preciso de muletas, preciso de momentos doces, precisos de ilusões, de delírios, de realidades utópicas forjadas tão bonitas naquilo que eu quero que aconteça.
Então não me deixe ir, me impeça agora, no começo. Me segure, me prenda, fuja, me large numa esquina. Faça qualquer coisa, mas me deixe sozinha. Não permita que eu te faça de espelho, que te faça de chão, que eu faça de você todos os motivos, todas as palavras, todos os suspiros e todo o amor. Proiba, me barre, me empurre, faça por mim, por mim. Me dê um choque, um baque, me atire da janela, me tranque para fora e troque a fechadura. Por mim. Para que eu não sofra mais, para que eu não pegue um caminho que, eu sei, terei que trilhar de volta. Não deixe que eu me arrisque, que me eu exponha, que eu rasgue minha alma em algo que verá impaciente e indiferente minhas dores sangrarem mudas.
Se não sou capaz de me proteger, te peço por mim e pelo carinho que me tem - me expulse sem dó e me proteja dessa ameaça iminente que é minha vontade cega de me achar. De me achar amando, nem que seja por um segundo só, nestes teus olhos castanhos.
(E se no meio do caminho, eu te implorar por clemência, não olhe para trás. Só volte se sentir saudade, só volte se me quiser assim, do jeito que sou - torta e incompleta.)