segunda-feira, janeiro 16, 2006

[vas filosofias a cerca do amor]

Amor. Assunto batido demais. Mas sempre alguem tem algo novo a acrescentar, ou nao. Nao digo que eu tenha mesmo algo de interessante para filosofar. Sao impressoes. E impressoes, as vezes, valem bem mais do que qualquer tese de doutorado.

Nao vim aqui para escrever poesias dignas de quinta série, nem contar uma fabula fantastica digna de disney. Nao, nao. Vamos fugir de mesmice (e por que nao palermice?) do amor romantico do seculo 19. Chega do amor mocinho. Chega. Cansei. Amor eh uma bela de uma facada nas costas. Pronto. Nao que ele provoque hemorragias internas, ou perfuraçao de orgaos vitais. Nao me refiro aos danos fisicos, mas aos psicologicos. Nesse ponto a dor eh a mesma. Aquela dor folgada. Que vem aos pouquinhos. Que estrangula devagar. Dor inconsciente. Dor estupida.

E logico, se ela eh uma dor estupida, estupidos primeiros somos nos. Alguem disse que um amor soh eh grande se for triste. Deve ser verdade. Porque saimos caçando esse sentimento mesquinho por aih. Fazendo um esforço descomunal para gostar. Deviamos escrever um ode a tortura, porque eh disso que gostamos. Gostamos do martirio e do papel divino de vitima.

Para ilustrar, acompanhemos a historia generica de um (a) amante sofredor (a) classico (a):

1) Geralmente a pessoa nao gosta de ninguem, mas sente necessidade disso. Nao pode se contentar com o amo- proprio e nem com o bem-estar, porque isso é "chato". (note a tendencia para o auto-flagelamento surgindo no intimo do individuo)

2) Munido (a) de muita força de vontade ( ou de uma vontade gritante de sofrer) ele (a) sai a procura de um (a) suposto (a) pivo do vilao maior chamado amor. E essa procura, diga-se de passagem, eh incansavel e deveras exaustiva. Mas tudo bem. Porque nesse ponto o objetivo maior e primordial eh encontrar o famigerado sentimento. (note a empenho obssessivo para adquirir o perfil sofredor de um (a) amante classico (a))

3) Encontrada a pessoa certa, segue-se uma serie de sintomas dignos de doenças fatais. Cegueira momentanea, tonturas mentais, desligamento central, sudorese, insonia, estress continuo, irritaçao com familiares, necessidade de estar sozinho, devaneios noturnos (...), entre outros que variam conforme o individuo. (note e pasme, ele (a) foi realmente atras disso tudo. mas, como eh amor, ninguem fala nada. ah. pelamordedeus, se fosse uma uma tuberculose auto-adquirida, todos estariam chocados.)

4) Como o indivudo em questao eh um sofredor classico, vamos admitir somente uma hipotese. A da divina desilusao. Pronto, ai estah. Chegamos ao apice! Dores profundas no peito, falta de apetite, insonia prolongada, devaneios matutinos, vespertinos e noturnos, suspiros insistentes, depressao profunda. (note a sindrome da fossa escura, companheira inseparavel do amor, mostrando seus sintomas fetidos.)

5) Aqui, nosso (a) companheiro (a) irah atingir o ponto supremo. Depois de noites sem dormir e dias inexpressivos. Depois de quilos a menos e de horas testando seu discurso, nosso (a) sofredor (a) classico (a) ira tomar satisfaçoes com o bode espiatorio da historia (sim, porque os verdadeiros culpados sao o proprio (a) sofredor e o maldito amor) . No meio de suas palavras ensaiadas e frases feitas, surge aquela que é o climax: "voce me odeia ou simplesmente me ignora?" Strike. isso sim eh uma obra de arte digna de qualquer obra shakespiriana. (note a perda de noçao e de senso critico do (a) amante sofredor (a))

6) Como estamos ilustrando necessariamente o caso do (a) sofredor (a), soh admitiremos uma resposta. Nao o "odeio" nem o "ignoro", mas sim o "odeio E ignoro".
A saga foi cumprida e irah perdurar ateh que outro bode espiatorio apareça. Porque o amor nao desiste facil. Estah sempre pronto para dar-lhe uma facada nas costas, ou duas quem sabe.

Encerrando a minha tese, concluo que eh melhor comprar um chicote e se auto-flagelar, ou entao auto-adquirir uma tuberculose. Porque essa pelo menos tem cura.

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