segunda-feira, fevereiro 18, 2008

odiar

Às vezes fico pensando de onde vem tanta raiva. Aquele ódio profundo que cresce de dentro para fora. Que faz com que todo o resto perca a cor e sobre só isso: ódio. Um sentimento fundo, denso, opaco. Uma sensação de sufocamento interno, como se o próprio corpo se afundasse em sangue e o estômago pedisse para respirar. Estômago - devo ter perdido meus pulmões.
De onde a raiva vem, não sei dizer, mas os motivos poderia muito bem enumerar. Faz tempo que entendi que o ódio é um tipo de amor. Um amor que esqueceu de ser bom. Um amor mesquinho, egoísta, auto-destrutivo e, pior, rancoroso. Guarda tanta mágoa.
Guardo mágoa do que não fiz, do que não me fizeram e de, talvez, do que não vão fazer. É um ódio acorvadado, não quer arranjar briga com ninguém. Raiva contida, ranger de dentes, ansiedade - seja lá como o chamam por aí. E isso me perturba, me deixa irritada, me corrói por dentro. Sou capaz de armar infinitas respostas de supostas brigas que nunca vou travar. É puro egoísmo odioso.
Nunca me dediquei a escrever sobre o ódio, quase não vim. Não sei, me soa sujo, sempre falo sobre amor. Mas aí que tá, ódio também o é - e eu já me disse. E por mais que eu ache certo, sentimento como qualquer outro, ainda me soa sujo. Talvez apague tudo isso antes de publicar.
Não sei como vou vencer o ódio de hoje. Por vezes acabo usando açúcar, literalmente, ingênua. Outras vezes alguém me ganha - o ódio sempre perde fácil, mas também sempre volta. Insistente. Então não sei, não sei de nada. Estou chata demais pra mim, corrosiva demais pra escrever e confusa em excesso pra me explicar. Resumindo: estou eu e me odiando.
Amar é ingrato.

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