sexta-feira, janeiro 07, 2011

Só ela

E lá estava ela. Só ela, sorrindo pra si mesma. De novo ela sentia aquele mesmo aperto no coração, no peito, no estômago - qualquer coisa assim. Suspiro de medo misturado com expectativa. "Quero amar" - repetia-se, "quero amar". Amante, sempre fora. Daquelas que perdem o fôlego e os sentidos. Daquelas que ficam cegas de vez em quando e resignadas a qualquer atenção a mais. No fundo, ela sabia, "sou boba" - confessava-se rindo. Era boba, quem poderia dizer? Era boba nas bobagens e boba no que fazia. Era boba por amar e por viver bobamente amando. Não sossegava até achar um novo alvo pra mirar, um novo coração pra desejar, novos olhos pra chamar de seus. Pobre criatura a amada, talvez nem fizesse ideia que já fosse tamanho destino de tanta admiração. Pobre criatura, perdeu-se quando deu aquele sorriso sem jeito. Perdeu-se quando olhou pros olhos sedentos dela, sugando tudo, amando tudo, guardando tudo. Não lembrava direito dos detalhes - estado ébrio de espírito de qualquer amante patológico - mas sabia que ele a fitava sem parar, sem parar. Olhos pequenos e mudos. Confissões ao pé do ouvido que agora não faziam muito sentido. "Te amo" - gritava-se - "te amo" - estranhava-se. Passou da idade de querer alguém tanto assim. Passou da idade, "passei da idade" - justificava-se.
Sopro de juventude, era isso que faltava a ela. Sangue correndo nas veias, sofrer por amor, choramingar pelos cantos, sorrir pro mundo. Só era feliz assim, a pobre. "Só assim, meu Deus, só assim". Perguntava-se sozinha toda noite se ele ouvia o quanto pensava nele. Se ele via todos os castelos e pequenos momentos que já havia desenhado. "Como pode alguém querer sem pensar se o outro quer? Como pode tanto amor gratuito por migalhas de esperança?" - de vez em quando ela mesma se castigava. Mas depois sorria - nasceu com alma de romântica. Nasceu assim.
Então ela fechava os olhos devagar e se permitia sonhar um novo momento. Novas frases, novas atitudes, novos sorrisos intencionais. Desenhava um futuro seguro, um amor divertido, dias e noites de gargalhadas. "Quero amar" - e pronto. Nova culpa adquirida, novo amor pra se ocupar. "Volta" - surpreeendia-se. Queria que ele voltasse pro mesmo instante daqueles olhares, pro mesmo instante de surpresa, de magnetismo, de qualquer clichê de amor à primeira vista. "Volta" - finalizava. Porque no final ela sabia, ninguém vai embora pra nunca mais, nem volta pra sempre. Pobre amante, pobre coração. Queria amar, queria amar. "Quero você" - e a sentença final. Ela queria, ela não podia, mas amava.

Um comentário:

Jéssica Caroline disse...

tia, voce é uma linda, sempre estaremos com você, sua estrela sempre brilhara no nosso ceu, chorei muito com seu texto D: to triste demais porque voce vai sair, mas to feliz porq voce vai fazer oque voce gosta, e é isso que voce merece!

Jéssica do FC @_luanmeuviver